terça-feira, 17 de março de 2009

DREN diz que pôr crianças ciganas num contentor é "discriminação positiva"


A Direcção Regional de Educação Norte (DREN) justificou a decisão de separar crianças ciganas dos outros estudantes e instalá-las num contentor, na escola Básica Lagoa Negra, Barcelos, afirmando que se trata de "discriminação positiva", segundo a directora, Margarida Moreira. Opinião totalmente diferente tem Junta de Freguesia de Barqueiros, que afirma tratar-se de um caso flagrante de discriminação racial. O Bloco de Esquerda, o PSD e o PCP pediram a presença da ministra Maria de Lurdes Rodrigues no Parlamento para explicar o facto.

A Junta de Freguesia de Barqueiros denunciou o caso: crianças de etnia cigana estão a ter aulas num contentor à parte dos restantes alunos na Escola Básica Lagoa Negra. António Cardoso, da Junta de Freguesia, disse que se trata de discriminação racial: "a Junta de Freguesia não aceita que crianças de etnia cigana, só pelo facto de serem de etnia cigana, estejam a ser marginalizadas em relação às outras crianças da terra".

Os alunos de etnia cigana estão distribuídos pelo primeiro, segundo e terceiro ciclos do ensino básico, em cursos profissionais e na formação e educação de adultos. A maioria tem idade superior à dos restantes colegas do mesmo ano de escolaridade, existindo alguns casos de alunos com 16 ou 18 anos.

"A DREN autorizou este projecto em Julho ou Agosto do ano passado, exactamente por ser um projecto de discriminação positiva", afirmou à RTPN Margarida Moreira, Directora Regional de Educação do Norte.

"Precisamente por se tratar diferente o que é diferente, e neste caso temos uma comunidade que ainda vive em acampamento e com muitas carências socio-económicas", justificou.

Margarida Moreira já foi alvo de um pedido de demissão pela Federação Concelhia das Associações de Pais do Porto (FECAP), que a acusou de "irresponsabilidade" e "incompetência", por parecer "surda e muda, não ouvir nada nem ninguém". Segundo os pais, a directora regional não apoia os alunos com deficiência.

Para o vice-presidente do Centro de Estudos Ciganos, Bruno Gonçalves, é "intolerável" a separação de uma turma de meninos ciganos:"separar as turmas é intolerável: parece que estão a brincar connosco. Não estamos no século XIX, estamos no século XXI".

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